ausente

Ando por aí… pareço ausente, alheia, vazia, mas estou atenta. Ouço as conversas que se cruzam. Recordo como também eu, um dia fui imbecil!

Acreditem, agora ouço de tudo. Como pareço carênciada de vida, ninguém se inibe na minha presença. Há de tudo sabem, os crentes, que julgam que um dia vão mudar o mundo, os indiferentes, que se julgam mt superiores e os … a estes não sei que chamar, mas gostam da minha miséria, para se distrair da sua. Eu não quero saber de nenhuns… que se lixem! Sei bem, que a qualquer momento, posso ter que me debater com qualquer um deles, pelo cobertor de cartão. Sei bem, que em muitos dias, fui um pouco de cada um deles. Sei bem, onde isso me trouxe!

Perdi tudo o que tinha, ou fui roubada, nem sei… sei só que vivemos de equilibrios, ganhei em troca uma porra de uma sabedoria envenenada!

A minha vida não se resume ao objectivo maior de comer uma sandes por dia e encontrar um local abrigado. Não! Eu tenho este ar ausente, para tentar acordar um dia com o que tive de mais importante. Se recuperar a maior benção que possui, eu levanto-me… eu só preciso esquecer a forma como o mundo gira… eu só quero de volta, a minha ignorância!

26 pensamentos sobre “ausente

  1. Para mim, pessoalmente não.

    Mas para a mulher do texto, a que perdeu/roubaram tudo, a que viu o mundo em tons negros, preferia a ignorância de outros tempos, a conhecer as maldades que podemos sofrer.
    Se ela recuperasse a ignorância, podia voltar a sonhar, a acreditar, podia querer tentar novamente…

    Não sei se concordo com ela… é uma mulher estranha…
    Eu costumo dizer que prefiro as verdades… mas se queres que te diga, sinceramente, há verdades que não sei se quero conhecer!

  2. Ainda à pouco (não consegui dormir, talvez daqui a um bocado) estava a ver na tv algo sobre a história de Israel, e lá pelo meio o uso do terrorismo como forma de chamar a atenção, a verdade é que se eles berrassem apenas por lá, quantos saberiamos ou nos importariamos com o que lá se passou/passa? Pois, ficou incompleto, o mal da criação de Israel é que (parece) deram cabo da Palestina… Talvez não tenha nada a haver, mas… enfim… já sabes como é… pois, o melhor é ver se trato da soneca.

  3. Cdesag,

    Este teu comentário deixar-me-ia preocupada, se não te conhecesse. Parece à primeira leitura que entendes… mas qd voltei a ler (tb sou lenta 😉 )percebi o que dizes, apesar de NADA o justificar, só nos incomoda verdadeiramente pq temos medo. Tlv esta seja uma das verdades que preferiamos não saber…

    De qq forma acho que foste mt além… tlv seja melhor tentares dormir! Descansadinho funcionas melhor 😉

    Até… qd estiveres mais descansadito!

    Beijos!

  4. Acho que todos nós, lá no fundo, já desejamos ser um pouquinho “essa mulher”.
    É engraçado que quando surgem acontecimentos menos bons nas nossas vidas, o desejo maior que nos ocorre é o de voltarmos a ser crianças. Não que elas sejam ignorantes. Mas talvez porque enquanto crianças a unica preocupação que existe é a de saber se há tulicreme para o lanche.

    Felizmente, é um desejo momentâneo, porque apesar da verdade ser dolorosa, é bom sabermos o que nos espera para assim arregaçarmos as mangas e irmos à “luta”. Viver na ignorância é viver no escuro. Ainda bem que um dia as luzes sempre se acendem.

    Gostei! 😉

  5. Ana,

    Como já disse ao Cdesag, eu não sei se concordo com a mulher do texto… ainda não me decidi…
    Pensei nela, como uma mulher que vive na rua, depois de uma vigarice de quem ela confiava a ter feito ficar sem nada, a não ser a certeza de que o mundo é cruel. Demasiado.
    No entanto, depois de ler o texto publicado (leio sempre), vejo-a apenas como alguém sofrido que fala por metáforas…
    A primeira era forte, a segunda vitimiza-se… ainda não decidi quem quero que habite o texto de hoje!
    Mas vcs são livres de lerem a estória que vos faz sentido.
    Julgo que viste uma outra mulher! Gosto disso, das interpretações variadas, mas que fazem sentido.

    Concordo que “Viver na ignorância é viver no escuro”, mas os dias, todos, tem 24horas. e sempre têm a claridade e o escuro…

    Beijinhos.

  6. Amiga!
    Esta história fez-me lembrar a “Alegoria da Caverna”…
    Será melhor conhecer a realidade?
    Será que não sou mais feliz contentando-me com o que tenho, mesmo vivendo uma mentira? mas será que eu vivo uma mentira? se calhar lá fora é que está a mentira! não sou eu mais feliz com a minha escuridão? Quero lá saber!!! Sou feliz assim!!!Ainda me vou meter em trabalhos. Depois tenho que tirar os outros da caverna…

    jitos

    Fa-

  7. Fa,

    Depende, mas obviamente só posso falar por mim.
    Há determinadas coisas que prefiro não saber… ou melhor tenho medo de saber.
    Mas mtas vezes a ignorância é uma benção, na minha opinião!

    Beijinhos

  8. Fontez,

    O 1º comentário se não tivesse uma assinatura conhecida, eu diria que era teu! 😛
    Já não sei bem o que lhe respondi, agora certamente responderia outra coisa, mas como não perguntas eu tb não respondo 😉
    se quiseres considera a resposta que lhe dei a ele! 😀

    beijinhos!

  9. Fontez,

    devia?
    Pq?
    sou obrigada?

    (isto tb me parece o discurso de alguém nosso conhecido, lol)

    beijo.

    Marta (outra..sem confusões),

    Eu não, mas ela disse-me que sim!
    Eu como sou ingénua acreditei!!!

    Beijinhos!

  10. Querida,

    Quando li ontem o teu post (sim, é verdade…) não percebi bem o seu sentido. Hoje, tudo se fez claro. Vi essa mulher da rua, que sofreu, que perdeu tudo e que chegou a este ponto. Poderá andar com um ar ausente, mas apercebe-se muito mais da vida que outros, tem uma consciencia da vida e do presente, da sociedade que nem sempre nós temos, porque andamos na correria do dia a dia. As pessoas que vivem na rua passam o tempo, a conhecerem-se e a conhecerem as outras pessoas, quais sociologos… Tu passarás por eles e não os verás, ou pelo menos não na sua essencia. Temos todos “pena” da sua condição e deles propios. Mas eles podem “ver-te”!

    Será a ignorancia melhor que a sabedoria? Bem, poderemos dizer que se é preciso ser “mendigo” (nunca gostei desta palavra mas nao encontro outra agora) para ser saber então é preferivel ser ignorante. Mas desde quando a ignorancia é melhor que a sabedoria?? Não queremos nós aprender todos os dias??

    Gostei do teu post.. é daqueles que é preciso ler nas entrelinhas e pensar um pouco. É daqueles dos “antigos”… Gostei mt.

    Beijinhos grandes e abraço apertadinho

  11. Cátia,

    Não sei se a ignorância é melhor que a sabedoria. Continuo sem saber bem quem é esta mulher… sei apenas que está sofrida, revoltada. Mas sei que qd ela fala de ignorância, ela não se refere ao que se aprende nas escolas, ela fala do que a vida lhe ensinou, do que aprendeu qd alguém a deitou ao chão!

    Claro que nós queremos aprender, mas duvido que queiramos aprender de tudo… ela fala de uma sabedoria mt especifica…

    Este post até a mim me baralha… a minha cabeça não anda boa 😀
    Mas é dos antigos sim! 😉

    Beijinhos

  12. Linda,

    Sabes que eu acho que compreendo esta mulher… e ate a admiro um pouco. Claro que não é das coisas que aprendemos nas escolas, mas da vida… do que é fundamental!! Ando a ler um livro: “A Saga de um pensador” de Augusto Cury, que anda a volta de um mendigo e de um aluno de medicina e do quanto esse aluno aprende com ele. Acho que acertaste em cheio na descrição desta mulher…

    Quanto ao que me deixaste no ticho, fico muito feliz. Eu propria ainda não o fiz… Mas penso em faze-lo também dentro de pouco tempo. Se tiveres alguma duvida fala com a Tarina, ela é madrinha de uma menina linda!! São pessoas e gestos como o teu que o ticho serve e ainda permanece aberto. Fico a aguardar noticias aqui no conto 🙂

    Beijinhos grandes e uma abraço ainda mais especial…

  13. Cátia,

    Se acertei na descrição foi pura sorte, na verdade escrevi o post em piloto automático… por isso disse que tb a mim me baralha um pouco.

    As noticias aqui chegarão, mas qd o forem verdadeiramente, qd souber como e qt… depois de ter tudo definido, o que inclui a minha própria cabeça.
    Parabéns à Tarina por ter este gesto, por com ele levar a que outros o tenham. Dir-lho-ei na 1ª oportunidade!

    Beijinhos e aquele abraço!

  14. Dona,

    Bem vinda!
    Claro que nunca sabemos tudo. Qt a mim nem sequer quero, seria uma grande seca.
    …como não se sabe tudo, fiquei curiosa em saber como chegaste aqui… mas… isso não importa mt. Volta sempre que queiras.

    bj

  15. “Ando por aí… pareço ausente, alheia, vazia, mas estou atenta.”

    Mais uma vez nos proporcionaste bela reflexão.
    Julgo poder dizer que é necessário “perder tudo” para nos encontrarmos. É necessário perder todas as seguranças para termos a noção da nossa fragilidade.

  16. SAbedoria envenenada… hum to tentando entender se é bom ou ruim…
    hehe..

    ***Marta eu lancei um prêmio em comemoração ao blog day, passa lá no meu blog para saber como é participar!
    =]

  17. Viriato,

    Não sei, como disse já várias vezes, este post baralha-me… escrevi o texto não sei mt bem como. A ideia que tinha qd comecei era diferente. Tlv ele mexa com as minhas duvidas e inseguranças! Gostava de acreditar que me encontrarei sem ser necessário “perder tudo”, eu sei que sou fragil, acho que conheço melhor a minha fragilidade do que a minha força!

    Beijinho.

    Elza,

    pois… eu tb 😀
    Já lá fui!

    Beijinhos.

  18. Cris,

    Talvez… acho que nunca cheguei a perceber bem esta mulher, ainda que tenha sido eu a dar-lhe vida…
    … mas a ignorância dar-lhe-ia esperança. 😉

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