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Deslizo, enrosco-me, aconchego-me! Repito o ritual a cada dia, num prazer constante. Deslizo as mãos pela suavidade que me envolve, afago o rosto, deixo-me embalar…
Sentir o teu calor, a protecção, o conforto, permite-me sonhar com dias quentes de sol e de neve, de praia e lareira. Ancorada em ti, vivo o melhor de mim. Conquisto cada batalha, num mundo que escondo na algibeira e trago até nós, num sonho colorido de mar e céu e planícies e montanhas. Quero lá saber dos dias em que me perco de mim em ti, quando me arrepio, quando me agito, quando me assusto… e grito…
O que me apoquenta é a angustia repetida a cada manhã, resultado do conforto que perco, enfrentando o gelo dos dias, que escalo até perder as forças. Preciso de ti, sem pressas, desse calor, dessa paz, desse repouso, que só tu, apenas tu me sabes proporcionar… preciso do sonho e do pesadelo, de cada segundo partilhado de aventura quente, de sonhos e agitações.
“O bom dos dias, é que todos têm uma noite!” – Disseram-me um dia. E agora, pela manhã, sozinha, gelada, anseio pela noite certa, pelo momento em que te invadirei e serei conquistada!

Mais logo, quando a lua iluminar o céu e o meu quarto ficar na penumbra, entrarei em ti e de olhos fechados, sobre a tua almofada, deixarei de resistir a este sono que me invade.