Hoje roubo-te estas palavras…
“Hoje vou… parto.
Vou para lá…
Não sei bem para onde…
Mas vou… quero ir…
Vou andando… Caminhando.
Vou tranquilamente,
Não existem pressas…
Mas vou… quero ir…
Olho para o lado…
Não vou sozinha…. Sorrio.
Sigo contigo….
E vou… quero ir…
A estrada é longa…
É sinuosa…
Mas não me assusta… vou.
Vou… porque quero ir…”
Cátia Azenha
…e repito as mesmas que te disse na altura, iguais, mas agora com uma voz mais firme, com a certeza de que será como te disse e ainda um pouco mais.
Vejo-te ir… apresso o passo para te alcançar, para te acompanhar, mas detenho-me antes que me vejas… vou contigo, mas não te influenciarei no caminho, vou simplesmente aqui… a dois passos, pronta a socorrer-te na tua viagem…
Vai… caminha, escolhe caminhos, descobre atalhos, percebe que por vezes a recta é tua inimiga, aprende a voltar atrás a mudar de rumo… torna-te grande… maior!
Na verdade estás a ir rumo ao futuro, maior que tu mesma, acertando o passo, tornando-o firme e confiante… e eu vou aqui, um pouco mais atrás cheia de orgulho. É a minha menina, aquela que ficou família.
De vez em quando acelero o passo, pavoneio-me e ultrapasso-te enquanto te mostro a língua. Um pequeno carinho. Mas logo perco o folgo, desacelero, trocamos dois dedos de conversa lado a lado, partilhamos uma gargalhada e fico para trás. Preciso também do silêncio. E continuo aqui, apenas dois passos atrás, porque sempre que me sentes a ficar sem fôlego alivias a tua marcha, esperas por mim, sem parares, porque sabes que é assim que prefiro. E eu sinto-me segura, ganho ânimo, pernas e pulmão e estou pronta a correr mais e melhor.
Tu já sabes este meu jeito de te acompanhar e este ano faremos uma maratona, juntas!
Se ela fizesse anos hoje, eu dava-lhe os parabéns, mas dizem-me que não é dia 24…